terça-feira, 31 de março de 2015

FUNDAMENTAÇÕES BÁSICAS SOBRE A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA



Texto Oriundo da Renovação Carismática Católica dos Estados Unidos


Introdução

A Renovação Carismática Católica tal qual existe hoje tem como marco histórico um retiro tido em fevereiro de 1967 com alguns estudantes da Universidade de Duquesne. O que aconteceu lá rapidamente se espalhou para alunos graduados e professores da Universidade de Notre Dame e outros que serviam no campo ministerial em Lansing, Michigan. Isso continuou a espalhar-se de tal modo que, depois daquele acontecimento, a Renovação Carismática Católica existe em mais de 238 países no mundo, tendo tocado a mais de 100 milhões de Católicos nestes primeiros 40 anos de existência.

História na Igreja

Os dons carismáticos (línguas, profecia, cura, libertação, etc.) fizeram sua aparição definitiva na vida da Igreja no Domingo de Pentecostes. No livro dos Atos, São Lucas escreve:

“Quando chegou o dia de Pentecostes estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceram-lhes umas línguas como de fogo que se repartiram e repousaram sobre eles; ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.” (Atos 2, 1-4).

Por que estas manifestações dos dons carismáticos, tais como as línguas e a profecia, não permaneceram como uma parte normal da vida dos Cristãos ao longo dos séculos? Muitas explicações te sido colocadas. Em “O Batismo no Espírito Santo e a Iniciação Cristã” (e numa versão popular mais curta, inflamando a Chama: O Espírito Santo e a Iniciação Cristã) o Pe. Kilian McDonnell e o Pe. George Montague apresentaram uma explicação. Eles propuseram que os “dons carismáticos” eram uma parte normal da experiência dos sacramentos da Iniciação Cristã e da pública Adoração Litúrgica na Igreja Primitiva. Eles, também, afirmaram que os dons caíram em desuso quando uma larga escala de conversões ao cristianismo acorrida após o Cristianismo tornar-se a Religião Oficial do Império no século III. Muitas pessoas comuns se converteram porque tinham que seguir a seu líder tribal ou político. Então, era difícil para a Igreja catequizar adequadamente estas pessoas para esperar a manifestação dos dons carismáticos em conexão com os sacramentos de Iniciação Cristã.

Dr. Scott Hahn, um professor e biblista popular, propôs outra explicação para a efusão dos dons carismáticos na Igreja Primitiva e no nosso tempo. Numa série de artigos da Revista “New Covenant”, ele apresenta o argumento de que Deus tem concedido um fenômeno pentecostal em várias etapas da história – no Antigo Testamento, na Igreja Primitiva e hoje. Ele afirma que estas manifestações tem sido sinais de misericórdia e do iminente julgamento, primeiro de tudo, àqueles que se encontram fora da aliança e então ao próprio povo rebelde de Deus. Então, ele vê a manifestação dos dons carismáticos dentro do Coração da Igreja Católica como sendo uma grande graça para uma nova onda de evangelização – e uma alerta do juízo iminente se nós não fizermos frutificar esta graça.

Em todo caso, tem havido manifestações destes dons em instâncias isoladas ao longo da História da Igreja, na maioria das vezes, na vida dos santos e de seus seguidores nos movimentos pela renovação da Igreja. Os dons carismáticos, contudo, não havia feito sua aparição em tão larga escala na vida dos Cristãos até estes nossos tempos.

No final do século XIX, se diz que o Papa Leão XIII teve uma visão de Deus permitindo que Satanás tentasse a Igreja durante o século XX; essa visão perturbadora levou-o a compor uma oração a São Miguel Arcanjo. Depois disso, em resposta ao pedido da Beata Elena Guerra (a fundadora das Oblatas do Espírito Santo), o Papa começou o novo século cantando “Veni Creator Spiritus”. Ele também pediu aos Bispos do mundo para que, em comunhão com ele, fizessem a novena ao Espírito Santo pela renovação da Igreja.

Muitos atribuíram esta manifestação dos dons carismáticos como uma resposta de Deus a oração do Papa João XXIII, na preparação do Concílio Vaticano II: “Senhor, renova as tuas maravilhas em nossos dias por meio de um novo Pentecostes”. A Renovação Carismática espalhou-se pela Igreja Católica, primeiramente através dos grupos de oração e “Seminários de Vida no Espírito” (designado para levar as pessoas a uma experiência mais profunda do Espírito Santo).

Em geral, a Igreja tem encorajado a Renovação Carismática, fazendo-a estar sempre firme nos ensinamentos da Igreja e submissa a sua autoridade. No passado, houveram problemas no que diz respeito aos ensinamentos e a autoridade em algumas “comunidades de aliança” associadas à Renovação, mas estes problemas foram direcionados. É importante notar que o foco da Renovação tem sido na conversão pessoal a Jesus e na renovada apreciação da presença do Espírito mais que nos dons carismáticos tão somente. Os dons carismáticos são vistos como meios para evangelizar e guiar o povo a uma relação mais íntima com Jesus.

Em 1969, dois anos depois do marco histórico da Renovação, a Conferência Nacional dos Bispos Católicos (EUA) “reconheceu os bons frutos da renovação.”.

Em 1975, o Papa Paulo VI pessoalmente convidou a renovação a ter uma conferência anual em Roma.

Para maiores informações sobre declarações papais apoiando a na Renovação Carismática na Igreja, nós sugerimos o livro “Abram as janelas: Os Papas e a Renovação Carismática”, editado por Kilian McDonnell (Greenlawn Press).

Seguindo os direcionamentos dos Papas Paulo VI e João Paulo II, os Bispos Católicos de muitos países tem encorajado os esforços da Renovação Carismática enquanto urgem colaboração com as autoridades da Igreja. Os Bispos dos Estados Unidos, em sua carta pastoral de 1984 à Igreja Americana sobre a Renovação Carismática, escreveram: “... a Renovação carismática está enraizada no testemunho da tradição evangélica: Jesus é o Senhor pelo Poder do Espírito para a glória do Pai.”.

Em 1997, os bispos escreveram “encorajai aos que estão na Renovação... a continuar na fiel cooperação com a missão e a visão da Igreja Local aonde eles servem.”.

[As notas acima são tiradas do documento Grace for the New Springtime (Graça para uma Nova Primavera), publicada pelos Bispos da NCCB ad hoc Comitê para Renovação Católica; citados os números 800;235;872 do documento.] Isto é assim porque o Espírito Santo mesmo é o princípio de toda santificação e evangelização que a Renovação Carismática, que enfatiza este fato, contem com tanto potencial para aumentar a efetividade de seu apostolado.

Antes de responder questões de uma assembléia de mais de 100 Bispos e caldeais de todo o mundo, o Cardeal Ratzinger (agora Papa Bento XVI) também se referiu a esta reunião com a Renovação no Espírito:

“Eu tive a alegria e a graça de ver jovens cristãos tocados pelo poder do Espírito Santo... Num tempo de cansaço no qual se fala de um “inverno da Igreja”, o Espírito Santo criou uma Nova Primavera.”

... O desafio hoje não é permitir a fé... Dentro de pequenos grupos, mas tê-lo contemplando a todos e falando a todos. Se nós voltamos à Igreja dos primeiros Séculos, os cristãos eram poucos, mas chamaram a atenção do povo porque não eram um grupo fechado. Eles levavam em desafio geral a todos que tocava a todos.

Hoje nós também temos uma missão universal: Fazer presente a real resposta ao problema de uma vida que corresponde ao Criador. O Evangelho é para todos e os movimentos podem ser de grande ajuda, porque eles tem o impulso missionário dos primeiros tempos, até mesmo na pequenez de seu número, e eles podem dar o ímpeto à vida do evangelho no Mundo. ZENIT990617 (Pontifício Conselho para os Leigos 02/03/2002).

João Paulo II

O Papa João Paulo II deu sempre um grande apoio à Renovação Carismática Católica e encontrou-se dezenas de vezes com os lideres da Renovação para dar encorajamento e direção. João Paulo II, papa por 26 anos, dirigiu-se a grupos Católicos Carismáticos em mais de 25 ocasiões. Ele chamou o movimento “uma força para a Renovação da Igreja”. Em 1979, ele disse aos fiéis: “Eu sempre pertenci a esta renovação no Espírito Santo” (Revista Charisma, 14 de junho de 2005). Neste mesmo ano ele disse aos líderes carismáticos reunidos em Roma: “Estou convencido de que este movimento é um sinal da ação do Espírito... um componente muito importante na renovação de toda a Igreja.” (Open the Windows, pág.26).

Num pronunciamento ao Conselho do ICCRO, dia 14 de março de 1992, o Papa João Paulo II disse: “Neste momento da história da Igreja, a Renovação Carismática pode jogar um grande papel na promoção de uma muito necessária defesa da vida Cristã nas sociedades onde o secularismo e o materialismo têm enfraquecido a habilidades de muitas pessoas para responder ao Espírito e discernir o chamado amoroso de Deus.”.

Em 1996, ele escreveu assim aos Carismáticos: “Como poderíamos deixar de louvar a Deus pelos abundantes frutos que, nas décadas recentes, a Renovação no Espírito tem trazido à vida de comunidades e indivíduos? Um número incontável de pessoas tem vindo a apreciar a importância da Sagrada Escritura para a vivência cristã; eles tem adquirido um novo sentido do valor da oração e uma profunda busca pela santidade. Muitos tem retornado aos sacramentos e um grande número de homens e mulheres tem conquistado um entendimento mais profundo de seu chamado batismal e tem se auto-comprometido à missão da Igreja com admirável dedicação".

Durante uma reunião com mais de 500.000 representantes de vários movimentos da Igreja Católica, na Véspera de Pentecostes de 1998, João Paulo II proclamou: “Abram-se docilmente aos dons do Espírito. Aceitai agradecida e obedientemente os carismas que o Espírito nunca cessa de derramar sobre nós.”.

Numa homilia, em maio de 2004, ele disse: “... Obrigado ao Movimento Carismático, uma multidão de Cristãos, homens e mulheres, jovens e adultos que tem redescoberto Pentecostes como uma realidade viva em sua vida diária. Eu espero que a Espiritualidade de Pentecostes possa espalhar-se na Igreja como um renovado incentivo à oração, à santidade, à comunhão e à proclamação...” (Sábado, 29 de maio de 2004, Véspera de Pentecostes).

Catecismo

No que diz respeito aos dons de Pentecostes, a Igreja faz apropriadas distinções. No Catecismo da Igreja Católica (CIC), a Igreja declara que “a graça é, em primeiro lugar e acima de tudo, o dom do Espírito que nos justifica e santifica” (CIC nº. 2003). A Igreja diz, também, no parágrafo 2003, que as graças são sacramentais – dons próprios dos sacramentos – ou especiais, também chamadas de carismas, segundo a palavra grega empregada por São Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Estas são as graças que a Igreja chama de dons extraordinários de profecia, línguas ou outros, mas que estão sempre a serviço da graça sacramental e do bem comum da Igreja.

Referências Bíblicas

Referências das escrituras podem ser encontradas para dar suporte as mais comuns expressões de Católicos Carismáticos...

Intenso Louvor a Deus,

“Aclamai o Senhor por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença... Entrai cantando sob seus pórticos, vinde aos seus átrios com cânticos; glorificai-o e bendizei o seu nome”. (Salmo 99, 1-4).
“Em coros e danças festivas louvem o seu nome, cantem-lhe salmos com o tambor e com a cítara”. (Salmo 149, 3).
“Solta gritos de alegria, Filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém”. (Sof 3, 14).

O Levantar das mãos para o louvor,

“... levanto as mãos para o vosso templo santo”. (Salmo 27,2).
“Assim vos bendirei em toda a minha vida; com minhas mãos erguidas vosso nome adorarei”. (Salmo 62, 5).
“Levantai as mãos para o santuário, e bendizei ao Senhor”. (Salmo 133, 2).

O Bater das palmas,

“Povos, aplaudi com as mãos, aclamai a Deus com vozes alegres”. (Salmo 46, 2)

Falar em Línguas,

“Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se admiraram, vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus”. (Atos 10, 44-46).
“E quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo desceu sobre eles, e falavam em línguas estranhas e profetizavam”. (Atos 19, 6).
“Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus”. (Rom 8, 26-27).
“Assim, pois, irmãos, aspirai ao dom de profetizar; porém, não impeçais falar em línguas. Mas faça-se tudo com dignidade e ordem”. (I Cor 14, 39-40).

Outras Características em Geral:

“Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16, 17-18).
“A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vivais na ignorância” (I Cor 12, 1).
“Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribuiu todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz”. (I Cor 12, 4-11).


Conclusão

Se olharmos para a Renovação Carismática à luz do que acabamos de ler, veremos que o movimento do Espírito trabalha dentro da Igreja de com Sua vontade e com a cooperação dos fiéis. A Renovação Carismática mesma não é originária de uma necessidade de informar a Igreja Universal a respeito dons do Espírito Santo e sua cooperação com eles, mas dá necessidade entre seus membros de um melhor entendimento do que estes dons são. Ao mesmo tempo, o movimento reclama a subordinação dos dons carismáticos àqueles dadas pelos sacramentos – especificamente, os sete dons do Espírito Santo, como consta no livro do Profeta Isaías 11, 2-3, dados a cada cristão no batismo e avivados na Confirmação.

Sobre o que tem sido dito acerca dos dons carismáticos, o fato de que eles são derramados sobre a Igreja pelo Espírito Santo para a edificação do Corpo Místico de Cristo, é claro que eles não podem ser fonte de divisão, mas, muito pelo contrário, servem para fortalecer a unidade cristã. Mais ainda, um dos principais efeitos de uma intimidade com o Espírito Santo é de uma profunda humildade. Sendo assim, é importante distinguir entre o comportamento de pessoas individuais e a Renovação Carismática como um todo.

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